O governador de São Paulo, João Doria, anunciou hoje (25) que o Programa Merenda em Casa vai oferecer R$ 55 por mês para 700 mil estudantes de famílias mais vulneráveis do estado e que constam do Cadastro Único do governo federal. Segundo o governador, a medida começará a ser implantada no dia 1º de abril e valerá enquanto as aulas estiverem suspensas no estado.
Doria informou que os recursos serão de R$ 40,5 milhões por mês. "A medida vai perdurar enquanto as aulas estiverem suspensas. É uma medida protetiva, de atenção às famílias e às crianças mais vulneráveis do nosso estado. O valor é suficiente para comprar uma cesta básica", afirmou o governador.
Outra medida anunciada hoje é a antecipação da vacina de gripe para as forças policiais do estado, como policiais, bombeiros e agentes penitenciários. A vacinação terá início no no dia 30 deste mês e a expectativa é vacinar 100 mil pessoas.
Segundo o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, nos dois primeiros dias de vacinação contra a gripe, que envolve principalmente idosos, 667 mil pessoas foram imunizadas na cidade. A vacinação na capital paulista está ocorrendo em 468 unidades básicas de saúde e em 450 escolas. A intenção é vacinar 1,8 milhão de idosos na capital.
Coronavírus
Em entrevista coletiva hoje no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, Covas disse que a capital vai ter mais 100 leitos, doados pelas empresas Ambev e Gerdau. Os novos leitos serão construídos ao lado do Hospital do M’Boi Mirim. Com isso, somarão 2,1 mil leitos para observação de pacientes de coronavírus na cidade de São Paulo.
Segundo o prefeito, as empresas vão arcar com o custo de instalação dos leitos e com parte dos gastos com a manutenção nos próximos quatro meses seguintes. A expectativa é que, em três semanas, os leitos estejam prontos para ser usados.
Ao lado de Doria, o prefeito anunciou a antecipação das obras do Hospital Municipal da Brasilândia de junho para abril. “Teremos mais 150 leitos de UTI [unidade de terapia intensiva] à disposição na luta contra o coronavírus”, disse Covas.
Casos
O estado de São Paulo tem 810 casos confirmados de coronavírus, com 40 mortes. Dos 40 óbitos, apenas três são de pessoas menores de 60 anos, que tinham comorbidades. Há ainda 59 pacientes internados em unidades de terapia intensiva.
Reunião com presidente
Doria e os demais governadores dos estados do Sudeste reuniram-se na manhã desta quarta-feira com o presidente Jair Bolsonaro. Por meio das redes sociais e durante entrevista coletiva realizada na tarde de hoje após a reunião, Doria comentou o pronunciamento feito pelo presidente na noite de ontem (24) em que Bolsonaro pediu aos governadores a suspensão de medidas mais restritivas no combate ao coronavírus.
“Não é hora de separatismo, não é hora de rivalidades. É hora de todos estarmos juntos no combate a essa gravíssima crise. Posicionei ao presidente Jair Bolsonaro que eu havia ficado decepcionado com a intervenção feita por ele na noite de ontem, em rede nacional de televisão. Discordei do posicionamento do presidente, entendendo que, para os brasileiros de São Paulo, e represento 46 milhões de brasileiros, o conteúdo do que ele disse foi absolutamente equivocado e sem sintonia inclusive com as orientações do próprio Ministério da Saúde”, disse Doria.
“Não é uma gripezinha ou um resfriadinho. É um assunto sério, difícil e a maior crise de saúde pública da história do país”, acrescentou. “Não há nenhuma razão para o abrandamento do isolamento. Estamos seguindo protocolos internacionais”, informou.
Outro assunto abordado na reunião com o presidente, segundo Doria, foi a possibilidade de confisco de respiradores por parte do governo federal. “Havia surgido a notícia de que o Ministério da Saúde centralizaria e confiscaria dos fabricantes os respiradores, todos produzidos aqui em São Paulo, fora os importados. Mas em São Paulo não vamos permitir que isso aconteça. Se for necessário, entraremos no Supremo Tribunal Federal. De São Paulo não se confisca medicamentos nem equipamentos. Tenho certeza de que não ocorrerá, mas se ocorrer, vamos tomar as medidas”, disse o governador.
Segundo Doria, os governadores de todo o país vão se reunir hoje, às 16h, por teleconferência, para discutir a grave situação do país e também as ações adotadas pelo presidente da República.
O pronunciamento de Bolsonaro também repercutiu entre outras autoridades políticas e na sociedade civil. Em entrevista coletiva no Palácio Guanabara após a videoconferência com o presidente Jair Bolsonaro, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, defendeu o diálogo entre governadores e o governo federal. “Espero que o presidente continue mantendo o diálogo e dando abertura para que os governadores falem de forma respeitosa aquilo que entendemos ser pertinentes. No momento não há espaço para abertura do confinamento e muito menos de afrouxamento das medidas que tomamos.”, disse.
Ontem à noite, após o procunciamento de Bolsonaro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o vice-presidente da Casa, Antonio Anastasia (PSD-MG), divulgaram nota em que afirmam que o momento é de união. "Reafirmamos e insistimos: não é momento de ataque à imprensa e a outros gestores públicos. É momento de união, de serenidade e equilíbrio. A Nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade."
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), considerou o prinunciamento "equivocado". "O momento exige que o governo federal reconheça o esforço de todos - governadores, prefeitos e profissionais de saúde - e adote medidas objetivas de apoio emergencial para conter o vírus e aos empresários e empregados prejudicados pelo isolamento social."
A Sociedade Brasileira de Infectologia afirmou nesta quarta-feira, em nota, que a fala do presidente pode dar a falsa impressão à população de que as medidas de contenção social são inadequadas. A entidade considera “temerário” afirmar que as mortes na Itália sejam relacionadas apenas ao clima frio do inverno europeu. “A pandemia é grave, pois até hoje já foram registrados mais de 420 mil casos confirmados no mundo e quase 19 mil óbitos, sendo 46 no Brasil.” Agencia Brasil.
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