Mandetta se equilibra entre área técnica e pressão política

Mandetta se equilibra entre área técnica e pressão política

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O avanço de casos do novo coronavírus e o impacto da crise nos planos do governo vêm levando o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a mudar seu discurso de acordo com o aumento do número de casos no país, as cobranças do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a pressão de entidades e aliados.Ainda em janeiro, quando não havia casos confirmados no Brasil, o ministro já falava em ter cautela, mas sem pânico.

O cenário, restrito à China na época, passou a ser monitorado por meio de um centro de emergência criado pelo Ministério da Saúde.Mandetta dizia que o país estava preparado e que os dados iniciais apontavam para uma infecção semelhante a uma gripe, mas que precisava de alerta em casos graves.
Aos poucos, com a evolução da doença pelo mundo, Mandetta foi modulando o tom de sua fala; ora elevava a gravidade devido à epidemia ora amenizava-a cada investida do presidente que pretendia minimizar a crise.
Nesta segunda (30), ele posicionou publicamente diante da pressão que vem sofrendo de Bolsonaro para flexibilizar o discurso. O presidente insiste na retomada das atividades, enquanto a Saúde vem fazendo orientações para desestimular a aglomeração de pessoas."É preciso entender que vamos ter um código de comportamento, de distanciamento entre pessoas, para que a gente não tenha uma paralisia e morra de paralisia, mas também não tenha um frenesi que cause um megaproblema.
"As idas e vindas no discurso indicam não só influência da avaliação técnica da saúde como do cenário político.Da parte da saúde, a mudança foi visível no último mês. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em fevereiro, após o primeiro caso confirmado, o ministro afirmou que, se o cenário da China se repetisse no Brasil, com cerca de 50 mil casos em São Paulo, seria "administrável".
Poucos dias depois, com o aumento vertiginoso de casos na Itália, a avaliação começou a mudar. Mandetta defendeu que a Organização Mundial de Saúde declarasse pandemia em um momento em que a entidade ainda falava apenas em "risco alto a nível internacional".Em seguida, em outro sinal mais forte de reconhecimento do impacto da doença, passou a dizer que o vírus é "letal" ao sistema de saúde. "Não existe nenhum sistema 100% preparado para ser em massa acionado para testes, diagnóstico, internação, isolamento e leitos em CTI." O risco de um colapso no sistema de saúde foi citado pelo ministro em reunião com empresários. Segundo ele, o Brasil poderia enfrentar a situação ainda em abril. Notícias ao Minuto.

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